top of page

Igreja do mosteiro de Landim

 

 

27 de setembro • Igreja do mosteiro de Landim, Vila Nova de Famalicão

21h30 • Concerto Polifonia Portuguesa Programa ll

 

No século X é já referida documentalmente uma igreja localizada em Nandini, titulada por Santiago. Segundo o cronista da ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, Frei Nicolau de Santa Maria, o mosteiro seria fundado, com a invocação de Santa Maria dos Anjos, em 1096. Existiu, portanto, um templo, originalmente românico; ele, porém, viria a ser profundamente alterado a partir da Idade Moderna, conservando-se apenas a estrutura geral da sua nave e uma parte da capela-mor, com arcadas cegas e alguns capitéis medievais ainda visíveis. A sua cobertura é em abóboda de canhão em pedra e a sua extensão é atribuída aos finais do século XVI ou início do seguinte, quando decorreu uma importante campanha de obras na igreja. Saliente-se, porém, que o bispo de Viseu D. Miguel da Silva foi comendatário de Landim e que pode ter ordenado aí obras, que deverão ter incidido particularmente nesse espaço.

O actual frontispício maneirista, com uma fachada retábulo de dois corpos que se ergue sobre três arcos suportados por colunas toscanas que abrem a galilé, solução muito rara, data da mesma época a que se assinala a intervenção na capela-mor, finais do século XVI ou início do seguinte. Pode ter sido obra de Manuel Luís, então mestre-de-obras do arcebispo bracarense frei Agostinho de Jesus, ou de Jerónimo Luís, à época mestre-de-obras de Pombeiro. Existem, aliás algumas semelhanças entre as fachadas e torres de Pombeiro e de Landim; por outro lado elementos como o pórtico arquitravado toscano do interior da galilé recordam outras construções do Entre-Douro-e-Minho a que se podem associar esses dois nomes, separados ou a título individual, como o convento de S. Gonçalo de Amarante ou a igreja matriz de S. Martinho de Penafiel.

No interior, contemporaneamente à execução da fachada, foi aberto o actual espaço lateral do lado do Evangelho, separado por arcos, assentes em espessos pilares, do corpo da igreja e coberto por tecto em caixotões de madeira. Deve-se, porém, ressalvar que a arquitectura românica dos Crúzios contemplava, com frequência, a existência de compartimentos laterais à nave, pelo que esse espaço poderá ter resultado da reformulação de um outro preexistente

O tecto de caixotões em madeira que cobre a nave, possivelmente alteada, o que permitiu a abertura das grandes frestas voltadas a sul, deve ter sido originalmente pintado e, portanto, o que teria sido um elemento fulcral na transformação interna da igreja num espaço barroco, perdeu-se. Dessa operação que, como noutras igrejas, não foi feita de jacto, antes se processou ao longo de décadas, restam, na nave, o coro alto, com um Crucificado rococó e o órgão de tubos também rocaille, ambos de madeira policromada e marmoreada, bem como o lambril de azulejos seiscentistas azuis e brancos de padrão na parede do lado do Evangelho e nos pilares fronteiros. Culminando o percurso visual em que os fiéis eram conduzidos pelos caixotões do tecto, e marcando o espaço sagrado da capela-mor no seu termo, o arco cruzeiro e o espaço que medeia entre ele, as paredes e a cobertura de madeira, com excepção do óculo de iluminação central, foi completamente revestido de espessa talha que inclui dois altares onde despontam já concheados rococó. Ultrapassado o arco cruzeiro, o olhar conduz às arquivoltas do grande retábulo-porta do céu de estilo nacional, em que o Rococó também se intrometeu. É muito semelhante ao de S. Bento da Vitória, que Smith atribui ao Damião da Costa Figueiredo, a quem o mesmo historiador da Arte americano outorga a introdução do estilo nacional no Norte do país (JFA).

 

 

bottom of page