Igreja de Santa Cruz
05 de julho • Igreja de Santa Cruz, Coimbra
16h30 • Concerto Polifonia Portuguesa • Programa l
O Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, dos cónegos Regrantes de St. Agostinho, foi fundado no século XII, com a primeira pedra lançada a 28 de Junho de 1131. De uma primitiva igreja, construída sob orientação do arquiteto Roberto, o templo foi engrandecendo ao longo dos séculos, graças sobretudo ao patrocínio da Casa Real, sendo o primeiro panteão régio português.
Santa Cruz é hoje um majestoso, mas pálido testemunho daquela que foi uma das mais importantes instituições religiosas, politicas e culturais em Portugal.
Na fachada, adossada no século XVI ao corpo original do templo, destaca-se o portal de Diogo de Castilho, esculpido por Nicolau de Chanterenne. Trata-se de uma obra com um elaborado programa icnográfico com a representação do Apostolado, coroado pelas imagens do Rei David, um Profeta e Nossa Senhora, sob o grande janelão do coro-alto. Nas colunas laterais à entrada, em pequenos nichos, encontramos os Doutores da Igreja: S. Gregório e Santo Ambrósio, S. Jerónimo e St. Agostinho. Pela sua raridade evidencia-se o arco triunfal do século XVIII, que antecede a entrada no templo, coroado pelas armas Reais Portuguesas.
Em contraste com a monumental fachada o interior possui uma só nave coberta por uma abóbada policromada. A igreja é um monumento á escultura do século XVI. Na capela-mor encontram-se os túmulos dos primeiros reis de Portugal D. Afonso Henriques e D. Sancho I lavrados por Nicolau de Chanterenne. Obras de espiritualidade manuelina, concebidas como dois arcos triunfais protegendo os sepulcros com as figuras jacentes dos monarcas fundadores. Mais celebrado será ainda o púlpito renascentista, lavrado em pedra de Ançã por João de Ruão, em torno de 1520, com a representação dos doutores da igreja.
No coro alto encontramos uma obra-prima da talha em Portugal, com o cadeiral lavrado na linguagem do tardo-gótico flamengo, descrevendo no espaldar motivos da expansão Portuguesa. Testemunho do modo vibrante e entusiasmo pelo sentido de missão coletiva vivido neste período irrepetível da história nacional.
A notável sacristia, assim como a Casa do Capítulo, é revestida de azulejos enxaquetados seiscentistas, expondo-se diversas obras de importância nacional desde os tapetes persas, tidos como oferecidos por D. Manuel, às pinturas sobre tábua de Cristóvão de Figueiredo “A Crucificação” e “Ecce Homo”, para além do célebre “Pentecostes” de Grão Vasco.